"Quero denunciar e mostrar casos engraçados no programa", diz apresentador
Carlos Massa voltou à TV para tirar de seu apelido um sinônimo que o incomoda: baixaria. Depois de ficar afastado um ano e meio do SBT, Ratinho abandonou o cassetete e os palavrões para fazer um programa que pudesse ser visto pela neta de 5 anos. Ser avô fez o apresentador de 53 anos repensar a linha sensacionalista que o deixou famoso nos anos 90 Este Ratinho light não quer mais "apanhar da imprensa" nem apelar, mesmo que sofra para fazer o "Programa do Ratinho" sair do empate em segundo lugar com a Record (6 pontos). Ele falou à reportagem sobre Ibope e os planos fora da TV.
Baixaria nunca mais, mesmo se a audiência do programa cair?
RATINHO - Já tem muito sangue na tela. E eu mudei de conceito. Acho que se você vê um programa policial às seis horas da tarde fica irritado com o dia seguinte. Não vou ficar em cima de tragédia que não vou resolver. É decisão, mesmo que fique em terceiro lugar no Ibope. Não posso apelar em função do horário e porque não quero mais.
Na última pesquisa, vimos que as pessoas gostam do Ratinho porque ele faz denúncia e faz as pessoas darem risada. Então, quero denunciar e mostrar casos engraçados no programa.Engraçados, não bizarros.
- Isso, sem abusar. Um bêbado entalado em um cano é bizarro, mas o pessoal dá risada. Pessoa deformada, por exemplo, já mostrei, não quero mais no programa.Será mantido se não der ibope?
RATINHO - Se não for mantido, não tem importância. Veja bem, Pelé não tem mais vontade de jogar bola, tudo passa. Já ganhei da Globo, já ganhei muito dinheiro com televisão. Não estou mais preocupado em ganhar dinheiro com a TV, em ser o primeiro lugar, como já fui. Eu não quero mais apanhar da imprensa. Não quero que falem mal de mim, cansei disso. Se for para ficar na televisão apanhando, prefiro ficar fora, porque fora não apanho. Toda hora era a coisa da baixaria. Tinha uma reportagem dos quintos dos infernos e colocavam lá: "A baixaria do 'Programa do Ratinho'..." Não quero mais, mas tudo é ponto de vista. Por exemplo, recentemente, a Globo colocou no ar, às 22h12, no filme 'American Pie', duas mulheres transando, com tudo de fora. O cara se masturbando às 22h05. Isso não é baixaria? Não entendo. A Globo pode, eu não posso colocar nada.
Por quê?
RATINHO - Acho que existe um preconceito danado contra mim. Quero acabar com esse preconceito. Como? Fazendo um programa mais light, às 17h tem criança assistindo, não posso apelar. Eu sou pai, sou avô. Tenho um compromisso com o Silvio Santos de dar acima de 5 pontos no Ibope e tenho dado mais. Estou no padrão e nem comecei a fazer (o programa) ainda.
Você foi obrigado a criar esse discurso "light" para voltar ao ar?
RATINHO - Eu cheguei à conclusão que se eu fizer um programa violento às 17h, me classificam para 21h e, a essa hora, o SBT não tem espaço para mim. E descobri que não me patrocinavam para não associar muita coisa ali com o produto. Não adianta estar em primeiro e não faturar. E hoje não sou mais funcionário, sou sócio do programa. Se não vender, não ganho.
É uma decisão comercial?
RATINHO - E de avô. Eu não gostaria de ter um programa que minha neta não pudesse ver.Essa neta operou milagres...RATINHO - As três, né? Tem essa, outra de um ano, que não sabe nada ainda e para ela posso fazer mais quatro anos de baixaria (risos), e a menininha nova, de um mês. Mudei. Quero melhorar minha imagem para minha neta que está aprendendo a ler não ler que o avô dela faz baixaria. Não mudei pela imprensa. Não tenho medo da imprensa.
Acabou de falar que não quer mais apanhar da imprensa.
RATINHO - Não quero apanhar, mas medo não tenho. Se apanhar, eu bato. Se falarem mal de mim, falo mal deles no ar. Quando o cara bate de graça tem de apanhar de graça. Mereço tudo o que falaram de mim, mas não mereço mais.
Está fazendo um "mea-culpa" ?
RATINHO - Não tem ‘mea-culpa’, mas claro que fiz baixaria, o tempo todo. Porque eu brigava por audiência. Hoje brigo por qualificação. É um direito que tenho de mudar. Jô Soares era humorista e quis fazer um talk show. Quero mudar também. Porque ou eu saio derrotado, ou eu saio da televisão definitivamente, ou saio fazendo o que quero. E hoje faço o programa que quero.
Seu programa, hoje, é uma das melhores coisas da TV?
RATINHO - Ah, você está louca!? Meu programa é gostoso de ver, mas não é a oitava maravilha do mundo.
E o que é a oitava maravilha?
RATINHO - Uma boa novela, mas não vou puxar saco da concorrente não. (pausa) É 'Revelação' (risos). Faz tempo que não vejo uma novela inteira. Prefiro minissérie, sitcom. E vou investir nisso assim que puder. Quero fazer minissérie, novela para vender. O duro é no final da novela o bandido ganhar... É problema de filme brasileiro. Em 'Central do Brasil', a moça escreve carta, encontra um caminhoneiro que poderia fazer um casal perfeito... Mas o brasileiro muda: o cara é veado. Para que fiquei duas horas vendo minha heroína voltar para a mesma m... de antes?
É a favor de final feliz?
RATINHO - Sou a favor do filme americano. Um sozinho mata 300. Vejo cinema como entretenimento. Quem vai ficar duas horas no cinema para ver final infeliz? Isso é coisa de idiota, de meia dúzia de intelectuais infelizes! Todo mundo diz: "O governo tem de dar dinheiro para o cinema". Tem p... nenhuma! O governo deveria ser proibido de dar dinheiro para o cinema. Tem coisa mais importante.
Cultura não é importante?
RATINHO - É importante, mas cultura é uma coisa, filme para ganhar dinheiro é outra. É só aquela meia dúzia (que ganha), já notou? 'Se Eu Fosse Você' é sensacional, mas não pode ter dinheiro do governo. É comercial. Por que pagar ingresso? A gente paga duas vezes.
Não vai mudar de opinião quando for investir em cinema?
RATINHO - Não, não quero dinheiro do governo. Para pedir esmola para eles eu não entro! Vou chamar patrocinadores e faremos filmes para ganhar dinheiro.
Cabeça de empresário de novo.
RATINHO - Não gosto de ser empresário, se pudesse só ser palhaço eu seria.
Seu salário no SBT caiu mesmo de R$1,5 milhão para R$500 mil?
RATINHO - Não, o contrato é diferente. Posso ganhar mais do que ganhava com merchandising. Fui um dos poucos que entendeu o Silvio Santos (quando saiu do ar). Eu era muito caro para ele. Se estivesse no lugar dele, faria a mesma coisa.
Deve ter sido difícil sair da TV.
RATINHO - É, mas eu era feliz também fora do programa. Eu tenho minha empresa, coisas para fazer, mas hoje estou torcendo para tudo dar certo. Tenho um contrato de seis meses com Silvio, depois ele pode vir e dizer que não quer mais. Eu não ficaria frustrado. Como somos sócios, se não der lucro para mim não vai dar para ele. São negócios. Tanto que quando fiquei parado procurei a Band, fiz todo tipo de proposta e não me deram resposta. Não sou bem-vindo lá.
Isso não abala sua autoestima?
RATINHO - Ah, eu fico bravo para burro, porque eu gosto muito deles.
Queria ir para a Band então?
RATINHO - Não! Eu gosto do SBT. Band, Rede TV!, Record são segunda opção. Inclusive a Globo. Eu nunca sonhei em ser global. Como eu ia tirar sarro na Globo? Na Globo, você tem obrigação de ser perfeito. Olha a Record: quem não passou pela Globo não entra na Record. Acho um sonho besta. Ela nunca vai chegar na Globo. A Globo é dez mil vezes mais perfeita. É a mesma coisa que comprar um produto da loja e comprar o mesmo produto na 25 de Março.
Não é igual.Mesmo com dinheiro?
RATINHO - Mesmo assim... O dinheiro deles vem do céu. Pode encher de dinheiro. Acho difícil alcançar, mas é válido brigar. Ninguém nunca brigou com a Globo.
Nem você?
RATINHO - Em alguns períodos, fora da novela. Por exemplo, pode me colocar no horário do 'Casseta & Planeta' e ganho deles. É um humor fino demais para TV aberta.Ratinho também está mais fino, sem falar palavrão.
É difícil?
RATINHO - Não. Mas no dia a dia, falo muito palavrão. Perto de você não vou falar, eu te conheci agora.
Você falava para milhões de pessoas no ar...
RATINHO - Aquele palavrão que usei e uso de vez em quando é palavrão que o cara usa no boteco. Existe uma diferença entre mim e os outros apresentadores, Gugu, Silvio Santos, Faustão, todos: eles não frequentam onde eu frequento. Eles vão a clubes caros, a restaurantes onde a macarronada custa R$ 150, Fasano... Eu não, não faz parte do meu processo cultural. Meu processo é ir no boteco, tomar cerveja. Eu sou assim.
Mesmo sendo rico?
RATINHO - Não sou rico, eu sou um homem que tem dinheiro. Tenho uma boa quantia. Para ser rico tem de ter curso. E não pretendo fazer curso de enólogo. Tem de ser sommelier, uma porrada de coisas que eu não quero. Tem de comer caviar, eu não gosto de caviar.Tem de aprender a comer com certos talheres na hora certa Eu não pretendo ser escravo disso, ser escravo da Glória Kalil, da Nike, comprar calça Diesel por R$ 1200.
Nunca vai ao Fasano?
RATINHO - Se me convidarem para fazer um negócio, eu vou. Quando estou lá estou fazendo negócio. E não pago. Não vou lá gastar meu dinheiro. Meu lugar é o boteco, a rua.
ENTREVISTA:: Meu programa é gostoso de ver, mas não é a oitava maravilha do mundo, diz RATINHO
Postado por LEANDRO LP às 29.5.09
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